terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Práticas Tradicionais Sustentáveis no Acre, Amazônia, Brasil

Práticas Tradicionais Sustentáveis no Acre, Amazônia, Brasil


Por: Adalgisa Bandeira de Araujo
Pedagogia (Ufac) e Mestre em Turismo (UnB)
E-mail: adal.araujo@gmail.com

         

Hoje, falaremos de algumas práticas tradicionais sustentáveis florestais que resultaram na construção de empreendimentos de sucesso geradores de emprego, renda e mudança na qualidade de vida das pessoas e comunidades inseridas na Rota Turística Caminhos de Chico Mendes, dentre as quais se destacam a Fábrica de Preservativos Masculino Xapuri – Natex, a Usina de Beneficiamento de Castanha do Brasil e a Fábrica de Tacos, nas quais, as práticas e técnicas tradicionais de coleta, tornaram-se atrativos turísticos.
Inicialmente, falaremos da Fábrica de Preservativos Masculino – Natex, que planeja a partir de estudo de viabilidade técnica e econômica explorar o látex extraído das seringueiras nas áreas de proteção ambiental transformando matéria prima em produto de qualidade ambiental e deve sua existência aos seringueiros e seu ofício de extração do leite da seringa. A Natex, administrada pela Fundação de Tecnologia do Estado do Acre – Funtac, é a única fábrica do mundo a utilizar látex de seringal nativo, extraído da hevea brasiliensis – a seringueira, resultado da parceria estabelecida entre os governos federal e estadual e em parceria com outras organizações da sociedade civil afins.
          Busca, dentre outros objetivos, aumentar a competitividade dos produtos amazônicos, viabilizar a economia extrativista e, consequentemente melhorar a economia do município de Xapuri, elevando a qualidade de vida dos seringueiros, contribuindo para com a preservação da floresta, da cultura tradicional sustentável, prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e ainda atende a legislação ambiental.
          A Natex tem capacidade de produção anual de 90 milhões de preservativos e consumo médio de látex de 500.000 litros; o que equivale, a aproximadamente, 250 toneladas de borracha seca, o que gera pelo menos uns 160 empregos para os trabalhadores do município de Xapuri, além da renda e melhoria da qualidade de vida para os seringueiros e suas famílias (cerca de 700 famílias) nos 30 seringais da Resex Chico Mendes e dos Projetos de Assentamentos do entorno da fábrica (Funtac, 2011).
          Para garantir a qualidade do produto foram construídos, nas colocações de seringueiros, pontos de apoio e de armazenamento para a recepção inicial do látex que começa com o corte da seringa. Foram distribuídos aos extrativistas kit’s de coleta compostos de bica galvanizada, faca de corte, tigela, bombonas, peneira galvanizada e uma espécie de mochila para o transporte do produto na estrada de seringa. Todos estes utensílios se utilizados corretamente, e associados aos cuidados com a higiene durante a coleta, manuseio, transporte e armazenamento do leite de seringa garantem a qualidade do produto pelos órgãos responsáveis pela classificação e qualificação de produtos industrializados.
          Na fábrica, a qualidade do produto é assegurada pelo rigoroso sistema de controle de qualidade que monitora todo o processo, desde a recepção, centrifugação e armazenamento do látex, até as etapas de produção dos preservativos e sua expedição, para que os procedimentos corretamente aplicados garantam excelência na qualidade do produto, e consequentemente, segurança ao consumidor. Outro fator importante na qualidade do produto é o tratamento dado aos efluentes industriais e resíduos sólidos gerados no processo de produção e industrialização.
Dessa forma, com colaboradores altamente qualificados e infraestrutura adequada os preservativos Natex possuem alto padrão de qualidade, o que assegura certificações pela ANVISA; pelo INMETRO e Certificação de Qualidade ISSO 9001, emitido pelo Organismo Certificador do Sistema – OCS, conforme a norma ABNT NBR ISSO 9001:2008, a um produto proveniente de uma prática tradicional sustentável.
A visitação à fábrica (que em si nada difere das fábricas comuns) só é permitida por meio de agendamento prévio, mas o que se torna em atração turística é o sistema de coleta do produto nos seringais, e essa produção pode ser facilmente presenciada e acompanhada no dia a dia do seringueiro nas colocações e trilhas de seringa do Seringal Cachoeira.
Outra obra resultante de uma prática tradicional sustentável é a Usina de Beneficiamento de Castanha Chico Mendes proveniente do ofício de coleta da castanha do Brasil pelos extrativistas nas unidades de conservação do Acre. Gerida pela Cooperativa Central de Comercialização Extrativista do Estado do Acre – Cooperacre. Na verdade, uma unidade central que congrega mais de 20 cooperativas e associações espalhadas em mais de 10 municípios acrianos, atendendo mais de 1.800 famílias extrativistas. Insere um conjunto de cuidados e critérios recomendados ao manejo dos produtos agroflorestais, para preservar suas qualidades, agregar valor e evitar contaminações visando melhorar cada vez mais a qualidade e o rendimento dos produtos.
O sistema de coleta do fruto da castanheira cujo nome científico bertholletia excelsa é uma prática tradicional sustentável tendo em vista as técnicas tradicionais aplicadas pelos coletores no interior da floresta amazônica. Proveniente da floresta amazônica a castanha do Brasil é fonte de renda para quase todos os habitantes. A prática de esperar que os frutos (ouriços de castanha) caiam dos galhos da castanheira, a forma de apanhá-los do chão sem danificar as árvores menores, associados ao transporte e armazenamento das amêndoas promove qualidade sustentável a produção e ao produto final.
A Usina foi criada para melhorar o processo de beneficiamento e industrialização do produto e com isso, melhorar a economia do município, a qualidade do produto, a floresta e a vida da população tradicional extrativista. Ela emprega cerca de 80 funcionários, que trabalham diretamente no beneficiamento e empacotamento do produto aos mercados consumidores do Sul e Sudeste do país, além dos contratos com a Nestlé, a Nutrimental e outras empresas do gênero. É o segundo empreendimento do Estado que mais exporta produtos para outras regiões do país.
Com o aumento da capacidade de produção passou a beneficiar e empacotar, tipo exportação, mais de 100 toneladas de castanha por mês, oriunda dos seringais nos municípios de Brasileia e Xapuri; dos quais, coletam mais de 500 mil latas de castanha por ano, equivalente a 7 milhões de quilos, contabilizando um investimento de R$ 15 milhões, em compra de matéria-prima diretamente dos extrativistas. O empreendimento beneficia diretamente mais de 2 mil famílias de extrativistas que trabalham na coleta e quebra da castanha, diretamente em suas colocações. O produto depois de beneficiado e empacotado dobra de valor agregado de R$ 15 milhões inicial para render cerca de R$ 30 milhões de reais.
A Fábrica de Tacos ou Complexo Industrial Florestal produz e comercializa madeira para pisos, a partir de matéria prima proveniente dos planos de manejos executados nas florestas acrianas, localizado na BR-317 município de Xapuri é outro empreendimento resultante de uma prática tradicional sustentável. Com capacidade para processar, aproximadamente 100 mil m³ de madeira por ano, a fábrica gera mais de 200 empregos diretos e cerca de 500 indiretos e beneficia mais de 600 famílias em todo o estado, com planos de manejo de suas áreas. O Complexo é um empreendimento autossustentável, pois tudo que é produzido é vendido, e tudo que é gerado de resíduos é consumido na caldeira, que a transforma em energia para mantê-lo funcionando.
A fábrica de quase 40 milhões de reais foi incorporado, com a autorização da Assembleia Legislativa do Acre, ao patrimônio da Agência de Negócios do Acre - ANAC, é gerida pela parceria entre a Cooperativa dos Produtores Florestais Comunitários - Cooperfloresta e as associações de moradores e produtores de unidades de conservação que têm planos de manejos em execução, como a Reserva Extrativista Chico Mendes, a Floresta Estadual do Antimary e outros locais que tenham planos de manejos públicos ou privados.
Atualmente, emprega mais de 100 funcionários e coloca em prática cerca de 60 planos de manejo na Resex Chico Mendes - primeira área de conservação no Brasil a ser licenciada para a exploração de recursos madeireiros. A autorização foi emitida pelo ICMBio depois de um longo processo que se arrastou por mais de oito anos, tendo como interessados a população extrativista e o governo do Acre.
Enfim, o Complexo Industrial Florestal ou a Fábrica de Tacos é um projeto do governo estadual que tem dado certo, pois gera empregos, contribui para com a economia do município de Xapuri, melhora a qualidade de vida dos moradores da floresta e atende a legislação ambiental no que compete ao manejo dos recursos madeireiros.
Informações:
Cooperativa dos Produtores Florestais Comunitários – COOPERFLORESTA
Av. Brasil, 099, 1º Piso – Sala 02 – Centro - Rio Branco/AC – CEP: 69.908-670. Tel/fax: (68) 3222-7252 - E-mail: cooperfloresta@yahoo.com.br
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Para quem estiver fora do Brasil (e precisar fazer ligação internacional para obter informações turísticas sobre o Acre) digite: 00+55+o número da operadora+68+o número 3901-3029 ou 3901-3027.
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quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Seringal Cachoeira – vivência e saber tradicional sustentável







Seringal Cachoeira – vivência e saber tradicional sustentável


Por: Adalgisa Bandeira de Araujo
Pedagogia (Ufac) e Mestre em Turismo (UnB)
E-mail: adal.araujo@gmail.com

          Hoje vamos falar do Seringal Cachoeira. Mostraremos o que esse local tem para oferecer aos turistas. Iniciaremos com um pequeno histórico para que todos possam perceber o quanto este marco na questão dos movimentos ambientais das décadas de 1970 e 1980 mudou o país, e em especial, o Estado do Acre, democratizando sua a política ambiental, cultural e social. Nele se iniciaram os “empates” [1] pelos seringueiros liderados pelo sindicalista Chico Mendes. O Seringal Cachoeira localiza-se no Projeto de Assentamento Agroextrativista Chico Mendes (PAEX) da Reserva Extrativista Chico Mendes (Resex-CM) no Alto Acre, distante 197 km de Rio Branco. Legalizada pelo Instituto de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), sob a portaria nº 286 de 23 de outubro de 1996. Desapropriada pelo Decreto 96.395 de 22/07/88, teve a emissão de posse concedida para 68 famílias, em 12/01/89, sendo hoje o total de 87 famílias; sua área atual é de 24.898,202 ha, sendo seu perímetro de 109.039,07 metros.
Seu acesso se dá pela BR-317 (no sentido Rio Branco – Brasileia) até o local conhecido por “entroncamento”, onde mais adiante entrando à esquerda no Ramal do Cachoeira (16km) se chegará ao núcleo do seringal, a Fazendinha, com várias unidades de produção - habitação de seringueiros, e a pousada ecológica Seringal Cachoeira.
Nele são executados projetos de exploração de riquezas naturais extrativistas por meio de parcerias com instituições governamentais e não-governamentais, por meio de atividades economicamente viáveis, socialmente justas e ecologicamente sustentáveis, como a coleta da castanha do Brasil, extração do látex e extração de madeira, todas executadas pelas populações tradicionais locais e suas representações legais.
O local é símbolos da luta pela preservação dos costumes tradicionais extrativistas dos seringueiros e castanheiros pelas terras que hoje habitam. Eles que lutavam pela manutenção de seus modos de vida tradicionais e consequentemente, a conservação da floresta em pé, conseguiram algo bem maior - a criação das reservas extrativistas, a sua reforma agrária; ou seja, o direito de viver e usufruir das terras que habitam e habitaram seus ancestrais. Sua cultura se baseia no conceito de sustentabilidade socioambiental de sua cadeia produtiva, proporcionando elementos que possibilitam a construção de conscientização e respeito aos recursos naturais, além da valorização do saber tradicional das comunidades seringueiras.
Hoje já não existem conflitos, é tempo de paz e prosperidade. A época dos “empates” ficou para trás; desta, restam apenas as lembranças que jamais serão esquecidas, e que ainda estão presentes na memória dos moradores antigos - os amigos, companheiros, irmãos, primos, tios, pais, daquele que perdeu a vida pelo movimento dos seringueiros – Chico Mendes. Estas memórias hoje atraem os turistas em busca de ouvi-las em uma roda de conversa, ao cair da noite, na casa de algum ex-companheiro do ex-líder sindical; ao ar livre em uma noite estrelada; ou iluminados pela bucólica luz da antessala da pousada ecológica.
Entre outras atividades de manejo encontra-se a madeireira de forma racional e sustentável. Este processo compreende a seleção da espécie desejada, verificando-se, se a retirada da mesma não causará desequilíbrio ao ecossistema, e se ela é uma árvore “mãe” – com no mínimo 40cm de diâmetro – com uma “filha” e duas “netas”. Nesse caso retira-se a mãe, pela técnica de derrubada de impacto reduzido. Dessa forma, se origina um modo de vida capaz de beneficiar os habitantes da floresta, sem, no entanto, danificar seu ecossistema e sua biodiversidade.

         
Em visita no Seringal Cachoeira os turistas poderão interagir e ver ...

·       Seringueiros - extrator do látex das seringueiras e coletador de castanha do Brasil, uma figura importante no processo de transformação da área de propriedade particular para Projeto de Assentamento Agroextrativista e de defesa da Amazônia e de sua biodiversidade, juntamente com o ambientalista Chico Mendes e chefe de uma unidade de produção.
Unidades de produção – Nela se encontram tudo que seus moradores necessitam, como por exemplo, a casa – que antigamente eram chamadas de tapiri, era construída utilizando-se de madeira roliça, paxiúba e cobertas de palhas do coqueiro jaci ou ouricuri extraídos da própria colocação. Porém, suas casas hoje tem arquitetura diferente daquelas de antigamente. Receberam influência das moradias da cidade: são construídas de tábuas rústicas, colhidas e confeccionadas no local, cobertas de telhas de amianto ou de zinco, recebem pinturas coloridas, dispõem de energia elétrica convencional ou de geradores portáteis e são mobiliadas com equipamentos que não deixam a desejar em nada para com os moradores das cidades. Quase todos os moradores têm veículos próprios, em sua maioria motocicletas. Apenas um detalhe denota moradia rural, é a decoração dos interiores das casas, que em sua maioria, consiste de mimos de arranjos de flores artificiais e quadros com fotos de familiares pendurados nas paredes ou de pôsteres de personalidades famosas recortadas de jornais e revistas e colados na parede da sala.  As Estradas de Seringa - caminhos feitos pelo seringueiro no interior da floresta interligando uma seringueira nativa à outra, estando elas próximas ou não, com a finalidade de facilitar a coleta do látex. Castanheiras – árvores que produzem a castanha do Brasil, cujo nome científico é bertholletia excelsa. Casa de farinha – local onde é produzida a farinha de mandioca, moenda – onde se produz os derivados da cana de açúcar (nem todas as unidades de produção do seringal têm estes dois últimos equipamentos - a casa de farinha e a moenda). Locais de criação de animais como gado, porcos, ovelhas e aves como galinha, pato, peru, marreco, outros. Roçados – são as áreas de cultivo onde o seringueiro e sua família planta arroz, feijão, milho, mandioca, cana de açúcar, melancia, jerimum e outros legumes e grãos. Mata nativa - a exuberância da floresta Amazônica se deve em especial a grande quantidade e variedade de árvores que nascem e crescem de forma natural, por meio da ação do vento ou por meio dos animais que dela se alimentam. No seringal Cachoeira há grande variedade de seringueiras, castanheiras, paus d’arcos, cumarus, samaúmas e outros.
·       Uma réplica da escola do antigo projeto Seringueiro, desenvolvido pelo Centro dos Trabalhadores da Amazônia – CTA, cujo modelo arquitetônico compreende paredes no formato octogonal (oito lados) e claraboia no teto. Este modelo padronizado de escolas proporciona iluminação, ventilação natural e aproveitamento adequado dos espaços na aplicação da didática pedagógica que desenvolveu métodos e cartilhas próprias, fundamentados no saber tradicional das populações seringueiras. Hoje, esta edificação é um anexo da que foi construída no padrão das escolas tradicionais urbanas no formato retangular com salas separadas em séries, (a pedido da comunidade local).
·       Ramais – no Acre as estradas vicinais ou estradas de chão são conhecidas como ramais, caminhos abertos com máquinas de terraplanagem, em meio à floresta permitindo acesso às colocações onde residem os colonos e seringueiros. Geralmente são ladeados de grandes variedades de árvores de pequeno, médio e grande porte, no qual, eventualmente, se pode observar animais e pássaros.
·       Varadouros - são caminhos menores abertos pelos moradores a golpes de terçados, (facões) machados e outros para permitir tráfego a pessoas, animais e cargas interligando uma colocação de seringueiro a outras mais distantes.
·       Fauna e flora - ver espécies animais (eventualmente) e vegetais regionais nas unidades de produção.


Informações:

Cooperativa dos Produtores Florestais Comunitários – COOPERFLORESTA
Av. Brasil, 099, 1º Piso – Sala 02 – Centro - Rio Branco/AC – CEP: 69.908-670. Tel/fax: (68) 3222-7252 - E-mail: cooperfloresta@yahoo.com.br
Associação dos Moradores e Produtores do Projeto de Assentamento Agroextrativista Chico Mendes - AMPPAE-CM – Presidente: Maria de Nazaré Vieira Mendes. (Informações na escola do Seringal Cachoeira).
Secretaria de Estado de Turismo e Lazer - SETUL
Av. Chico Mendes, s/nº - (Estádio Arena da Floresta), Bairro Corrente – CEP: 69909-260. Tel/Fax: (68) 3901-3024 / 3901-3027 ou no e-mail: gabinete.setul@ac.gov.br
Centro de Informações Turísticas - CAT
Av. Getúlio Vargas, s/nº (Praça dos Povos da Floresta) Centro (onde tem a estátua do Chico Mendes). Para falar com nossos colaboradores do CAT (se você estiver em Rio Branco): digite o número 3901-3029 ou ligue grátis para o nº 0800-647-3998.
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O horário de atendimento do CAT de segunda a sábado é das 8h às 18h e aos domingos e feriados no horário das 16h às 20h.

QUEM LEVA O TURISTA
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MUITO OBRIGADO PELA AUDIÊNCIA!
ATÉ O PRÓXIMO PROGRAMA!


[1] Os empates eram movimentos sociais pacíficos, onde mulheres e crianças seguiam em cortejo para as frentes de desmatamentos, no sentido de sensibilizar os “jagunços dos desmatamentos” para que parassem com a derrubada das matas. Mais informações em MARTINS, Edilson. Chico Mendes: um povo da floresta. Rio de Janeiro: Editora Garamond, 1998.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

TURISMO COMUNITÁRIO NA RESEX CHICO MENDES


TURISMO COMUNITÁRIO NA RESEX CHICO MENDES

Por
Adalgisa Bandeira de Araujo
Pegagogia (Ufac) e Mestre em Turismo (UnB)

A reserva Extrativista Chico Mendes localizada no Estado do Acre é uma área utilizada por populações locais, cuja subsistência baseia-se no extrativismo e, complementarmente, na agricultura de subsistência e na criação de animais de pequeno porte. Privilegia a proteção da vida e cultura das populações, além de assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da Unidade. Sua área de 970.570 hectares aproximadamente.  É regulamentada pelo Decreto N.º 99.144/90 e agrega mais de 1.100 unidades de produção espalhadas pela floresta dos municípios de Rio Branco, Xapuri, Brasileia, Assis Brasil, Sena Madureira e Capixaba. Tem o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) como órgão gestor.
A Unidade exibe um dos cenários mais exuberantes em meio à floresta amazônica, com árvores centenárias, gigantescas onde é possível ouvir o canto dos pássaros, ver flores raras e de cores variadas e também, as pegadas dos animais silvestres. Com os nativos é possível aprender o uso das plantas medicinais, as técnicas para escapar dos ataques dos animais e conhecer seu modo de vida peculiar. Ao cair da noite, após o jantar e antes de dormir, é comum ouvir os “causos” de seringueiros no enfrentamento de onças, queixadas, macacos da noite e de seres sobrenaturais e imaginários da floresta, como o caboclinho da mata, mapinguari e mãe da mata.
São belezas deixadas para trás, presas no isolamento, esquecidas, e que hoje se tornam riquezas inigualáveis. O desafio é tornar essas belezas conhecidas da população urbana sem, contudo interferir de forma acintosa, na natureza e tranquilidade do lugar. Tornar conhecido é também uma maneira de proteger. Existem várias formas para buscar a proteção de um lugar e uma delas é por meio do turismo, quando atrelado às práticas sustentáveis. As modalidades do turismo que podem ser desenvolvidas em uma Unidade de Proteção como uma reserva extrativista, por exemplo, é o ecoturismo, o turismo de base comunitária, turismo vivencial e algumas especificidades do turismo de aventura como as caminhadas de curto e de longo curso.
Sendo, portanto, o ecoturismo compreendido como aquele que utiliza de forma sustentável o patrimônio natural e cultural e que devem sempre atuar no sentido do fortalecimento das culturas e da identidade local como segmento que promove a preservação por meio do conhecimento do lugar visitado, o mais apropriado para a resex Chico Mendes, com base no que registra o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e parceiros como Secretaria de Coordenação da Amazônia (SCA), Programa de Desenvolvimento do Ecoturismo na Amazônia Legal (PROECOTUR) e Ministério do Turismo (MTur):


Ecoturismo é o segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações. (BRASIL – MICT/MMA, 1994 apud ARAUJO, 2009, p. 127).


Dessa forma, o turismo praticado na Resex Chico Mendes busca a interação dos turistas com a natureza e a inserção da comunidade local com práticas sustentáveis de desenvolvimento assegurando que a atividade econômica praticada além de gerar renda seja capaz de promover desenvolvimento econômico ambientalmente sustentável, por não poluir o meio ambiente como a atividade industrial, e nem degradar a natureza como faz a agricultura.
Outra modalidade do turismo viável para uma Unidade de Conservação é o turismo de base comunitária, segmento alternativo, típico de locais com histórico de lutas pela apropriação da terra orquestrada pela própria comunidade. Diferencia-se do turismo de expropriação praticado especificamente nas comunidades litorâneas, onde o abuso de poder econômico no processo de disputa por terra para o lazer, desencadeia especulação imobiliária, interferindo consequentemente, na economia e na degradação paisagística e ambiental local.
Assim, o turismo praticado nas comunidades tem sido uma atividade arriscada, às vezes desagregadora das atividades tradicionais e nem sempre seus resultados são satisfatórios, diferentemente do turismo quando praticado pela própria comunidade em consonância com a realidade local, como declara Coriolano (2009, p.282):

O turismo comunitário é aquele em que as comunidades de forma associativa organizam arranjos produtivosos locais e ficam no controle efetivo das terras e das atividades econômicas associadas à exploração do turismo. Nele o turista é levado a interagir com o lugar e com as famílias residentes, seja de pescadores, ribeirinhos, pantaneiros ou de índios.

Contrariando as demais atividades relatadas ousa-se dizer que a localidade é também propícia para as atividades de aventura em práticas sustentáveis quando vistas dentro de uma boa margem de segurança, mantendo moderados (mas não ausentes) riscos. Afinal a aventura é produto da civilização, do sedentarismo, da falta de riscos no cotidiano das sociedades mais avançadas. Ela é ainda, contraponto de uma vida que se organizou, se tornou previsível e se distanciou dos perigos e dos confrontos, onde o conforto produz a ânsia pelo desconforto e as certezas e monotonia a vontade de arriscar e dar um salto no desconhecido. Enfim, a busca pela liberação, pelo fazer diferente e costumeiro.
Efetivamente, a atividade turística que abrange o turismo de aventura praticado na Reserva Extrativista Chico Mendes é o de caminhada de longo curso por meio de um produto turístico denominado Trilha Chico Mendes. Identificada pelo órgão oficial de turismo do Acre, no ano de 2010, compreende uma trilha de até 93km de extensão em seu trajeto terrestre mais um trecho fluvial percorrendo o rio Xapuri com duração de 2h30min a 3h de viagem em barcos típicos. Sinalizada com pontos de paradas para almoço e pernoites em pousadas rústicas, recém construídas, adequadas para barracas e redes. Podendo ser percorrida total ou parcial, gerando de 2 a 5 pernoites, proporciona o diferente e prazeroso de uma aventura na selva amazônica.
O objetivo da implantação de um produto turístico de caminhada de longo curso é, na verdade, dar visibilidade às Unidades de Conservação e assim contribuir para com o desenvolvimento, preservação e manutenção da cultura local tornando-a conhecida. Sendo as atividades do turismo de aventura reconhecidas como registra o Ministério do Turismo (MTur):

[...] experiências físicas e sensoriais recreativas que envolvem desafios, riscos avaliados, controláveis e assumidos que podem proporcionar sensações diversas como liberdade, prazer, superação, experiência a depender da expectativa de cada pessoa e do nível de dificuldade de cada atividade. (BRASIL, MTur, 2008).

No entanto, para que o caminhar se torne prazeroso faz-se necessário o mínimo de conforto para os caminhantes, como refeição caseira balanceada, banho e um local confortável para dormir, proporcionando, dessa forma, o bem estar dos turistas. Portanto, para uma caminhada desafiadora, emocionante e satisfatória a Trilha Chico Mendes em implantação na Resex Chico Mendes no Estado do Acre terá, a princípio, ao longo de seu percurso a construção de (04) quatro equipamentos de hospedagem e na entrada (01) um centro de visitantes.
As hospedagens devem oferecer apenas os serviços de acomodação e refeição de forma bem “caseira” sem muita qualificação nos serviços. Sendo necessário, portanto, a devida qualificação para a prestação dos serviços de guiamento dos turistas, devido a característica peculiar da reserva extrativista, na floresta amazônica e a legitimidade e regularidade da profissão dos guias e condutores de turistas.
Portanto, as modalidades do turismo praticado na Resex Chico Mendes tem no ecoturismo, no turismo de base comunitária e no turismo de aventura a busca pelo reconhecimento, preservação e manutenção da natureza e cultura local, consolidando produtos turísticos com infraestrutura adequada aos padrões culturais locais e ao gosto do turista para que visitados e visitantes sintam-se satisfeitos com o produto turístico ofertado e consumido.


Referências bibliográficas

ARAUJO, Adalgisa Bandeira de. O Acre e a rota turística internacional Amazônia-Andes-Pacífico: sustentabilidade e dinamicidade cultural. 2009. 170f. Dissertação (Mestrado em Turismo) Universidade de Brasília, Brasília.

CORIOLANO, Luzia Neide M. T. O turismo comunitário no nordeste brasileiro. In: BARTHOLO, R; SANSOLO, D. G.; BURSZTYN, I: TURISMO DE BASE COMUNITÁRIA: diversidade de olhares e experiências brasileiras. Rio de Janeiro: Editora Letra e Imagem, 2009.

MINISTÉRIO DO TURISMO. Ecoturismo. Caminhos do futuro. Brasília: MTur/AVT/IAP/USP, 2007.