O Dia a Dia do Homem Amazônico
Por: Adalgisa Bandeira de Araujo
Pegagogia (UFAC) Mestre em Turismo (UnB)
“A floresta é a casa dos animais. “Nóis” que vive na
mata tem de respeitar; se eles atacam é direito deles se defender; e eles se
defendem se forem importunados”. Alexandrino
Monteiro, 68 anos, Seringal Amapá – Reserva Extrativista Chico Mendes – Rio
Branco – AC.
Seu Alexandrino, sua esposa e seus oito filhos, todos
eles nascidos e criados na floresta, sobrevivem do que ela produz.Logo cedo, seu Alexandrino, com sua velha espingarda -
herança de família - vai à mata, à procura da paca, do tatu, da cotia, ou do
veado, ou de alguma presa que lhe forneça carne para o sustento de sua família;
enquanto seus dois filhos maiores dirigem-se ao igarapé, com a tarrafa [1], a
linha de pesca, e as iscas para pescar o piau, a curimatã, o pacu, ou qualquer
outra espécie de peixe que lhe sirva de alimento. Sua esposa, e suas duas
filhas maiores, vão ao interior da mata, no roçado, buscar os cereais e legumes
cultivados pela família, que serão preparados para a refeição daquele dia.
Somente a sorte dirá se haverá mistura de carne ou de
peixe, dependendo da sorte de seu Alexandrino ou de seus filhos.
Ao passar algum tempo, ainda pela manhã, retornam a
casa, uns após os outros; desta vez os elogios são para seu Alexandrino que
retornou trazendo na estopa [2] uma
enorme paca; que servirá para alimentá-los por uns dois dias.
Assim é a vida do florestano nascido e criado na
floresta, que vive do que a mesma produz, sem destruí-la, e até a preserva,
pois sabe que sem ela nada sobrevive. É certo que ele é um predador, mas o que
ele mata, é para a sua própria subsistência.