quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Seringal Cachoeira – vivência e saber tradicional sustentável







Seringal Cachoeira – vivência e saber tradicional sustentável


Por: Adalgisa Bandeira de Araujo
Pedagogia (Ufac) e Mestre em Turismo (UnB)
E-mail: adal.araujo@gmail.com

          Hoje vamos falar do Seringal Cachoeira. Mostraremos o que esse local tem para oferecer aos turistas. Iniciaremos com um pequeno histórico para que todos possam perceber o quanto este marco na questão dos movimentos ambientais das décadas de 1970 e 1980 mudou o país, e em especial, o Estado do Acre, democratizando sua a política ambiental, cultural e social. Nele se iniciaram os “empates” [1] pelos seringueiros liderados pelo sindicalista Chico Mendes. O Seringal Cachoeira localiza-se no Projeto de Assentamento Agroextrativista Chico Mendes (PAEX) da Reserva Extrativista Chico Mendes (Resex-CM) no Alto Acre, distante 197 km de Rio Branco. Legalizada pelo Instituto de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), sob a portaria nº 286 de 23 de outubro de 1996. Desapropriada pelo Decreto 96.395 de 22/07/88, teve a emissão de posse concedida para 68 famílias, em 12/01/89, sendo hoje o total de 87 famílias; sua área atual é de 24.898,202 ha, sendo seu perímetro de 109.039,07 metros.
Seu acesso se dá pela BR-317 (no sentido Rio Branco – Brasileia) até o local conhecido por “entroncamento”, onde mais adiante entrando à esquerda no Ramal do Cachoeira (16km) se chegará ao núcleo do seringal, a Fazendinha, com várias unidades de produção - habitação de seringueiros, e a pousada ecológica Seringal Cachoeira.
Nele são executados projetos de exploração de riquezas naturais extrativistas por meio de parcerias com instituições governamentais e não-governamentais, por meio de atividades economicamente viáveis, socialmente justas e ecologicamente sustentáveis, como a coleta da castanha do Brasil, extração do látex e extração de madeira, todas executadas pelas populações tradicionais locais e suas representações legais.
O local é símbolos da luta pela preservação dos costumes tradicionais extrativistas dos seringueiros e castanheiros pelas terras que hoje habitam. Eles que lutavam pela manutenção de seus modos de vida tradicionais e consequentemente, a conservação da floresta em pé, conseguiram algo bem maior - a criação das reservas extrativistas, a sua reforma agrária; ou seja, o direito de viver e usufruir das terras que habitam e habitaram seus ancestrais. Sua cultura se baseia no conceito de sustentabilidade socioambiental de sua cadeia produtiva, proporcionando elementos que possibilitam a construção de conscientização e respeito aos recursos naturais, além da valorização do saber tradicional das comunidades seringueiras.
Hoje já não existem conflitos, é tempo de paz e prosperidade. A época dos “empates” ficou para trás; desta, restam apenas as lembranças que jamais serão esquecidas, e que ainda estão presentes na memória dos moradores antigos - os amigos, companheiros, irmãos, primos, tios, pais, daquele que perdeu a vida pelo movimento dos seringueiros – Chico Mendes. Estas memórias hoje atraem os turistas em busca de ouvi-las em uma roda de conversa, ao cair da noite, na casa de algum ex-companheiro do ex-líder sindical; ao ar livre em uma noite estrelada; ou iluminados pela bucólica luz da antessala da pousada ecológica.
Entre outras atividades de manejo encontra-se a madeireira de forma racional e sustentável. Este processo compreende a seleção da espécie desejada, verificando-se, se a retirada da mesma não causará desequilíbrio ao ecossistema, e se ela é uma árvore “mãe” – com no mínimo 40cm de diâmetro – com uma “filha” e duas “netas”. Nesse caso retira-se a mãe, pela técnica de derrubada de impacto reduzido. Dessa forma, se origina um modo de vida capaz de beneficiar os habitantes da floresta, sem, no entanto, danificar seu ecossistema e sua biodiversidade.

         
Em visita no Seringal Cachoeira os turistas poderão interagir e ver ...

·       Seringueiros - extrator do látex das seringueiras e coletador de castanha do Brasil, uma figura importante no processo de transformação da área de propriedade particular para Projeto de Assentamento Agroextrativista e de defesa da Amazônia e de sua biodiversidade, juntamente com o ambientalista Chico Mendes e chefe de uma unidade de produção.
Unidades de produção – Nela se encontram tudo que seus moradores necessitam, como por exemplo, a casa – que antigamente eram chamadas de tapiri, era construída utilizando-se de madeira roliça, paxiúba e cobertas de palhas do coqueiro jaci ou ouricuri extraídos da própria colocação. Porém, suas casas hoje tem arquitetura diferente daquelas de antigamente. Receberam influência das moradias da cidade: são construídas de tábuas rústicas, colhidas e confeccionadas no local, cobertas de telhas de amianto ou de zinco, recebem pinturas coloridas, dispõem de energia elétrica convencional ou de geradores portáteis e são mobiliadas com equipamentos que não deixam a desejar em nada para com os moradores das cidades. Quase todos os moradores têm veículos próprios, em sua maioria motocicletas. Apenas um detalhe denota moradia rural, é a decoração dos interiores das casas, que em sua maioria, consiste de mimos de arranjos de flores artificiais e quadros com fotos de familiares pendurados nas paredes ou de pôsteres de personalidades famosas recortadas de jornais e revistas e colados na parede da sala.  As Estradas de Seringa - caminhos feitos pelo seringueiro no interior da floresta interligando uma seringueira nativa à outra, estando elas próximas ou não, com a finalidade de facilitar a coleta do látex. Castanheiras – árvores que produzem a castanha do Brasil, cujo nome científico é bertholletia excelsa. Casa de farinha – local onde é produzida a farinha de mandioca, moenda – onde se produz os derivados da cana de açúcar (nem todas as unidades de produção do seringal têm estes dois últimos equipamentos - a casa de farinha e a moenda). Locais de criação de animais como gado, porcos, ovelhas e aves como galinha, pato, peru, marreco, outros. Roçados – são as áreas de cultivo onde o seringueiro e sua família planta arroz, feijão, milho, mandioca, cana de açúcar, melancia, jerimum e outros legumes e grãos. Mata nativa - a exuberância da floresta Amazônica se deve em especial a grande quantidade e variedade de árvores que nascem e crescem de forma natural, por meio da ação do vento ou por meio dos animais que dela se alimentam. No seringal Cachoeira há grande variedade de seringueiras, castanheiras, paus d’arcos, cumarus, samaúmas e outros.
·       Uma réplica da escola do antigo projeto Seringueiro, desenvolvido pelo Centro dos Trabalhadores da Amazônia – CTA, cujo modelo arquitetônico compreende paredes no formato octogonal (oito lados) e claraboia no teto. Este modelo padronizado de escolas proporciona iluminação, ventilação natural e aproveitamento adequado dos espaços na aplicação da didática pedagógica que desenvolveu métodos e cartilhas próprias, fundamentados no saber tradicional das populações seringueiras. Hoje, esta edificação é um anexo da que foi construída no padrão das escolas tradicionais urbanas no formato retangular com salas separadas em séries, (a pedido da comunidade local).
·       Ramais – no Acre as estradas vicinais ou estradas de chão são conhecidas como ramais, caminhos abertos com máquinas de terraplanagem, em meio à floresta permitindo acesso às colocações onde residem os colonos e seringueiros. Geralmente são ladeados de grandes variedades de árvores de pequeno, médio e grande porte, no qual, eventualmente, se pode observar animais e pássaros.
·       Varadouros - são caminhos menores abertos pelos moradores a golpes de terçados, (facões) machados e outros para permitir tráfego a pessoas, animais e cargas interligando uma colocação de seringueiro a outras mais distantes.
·       Fauna e flora - ver espécies animais (eventualmente) e vegetais regionais nas unidades de produção.


Informações:

Cooperativa dos Produtores Florestais Comunitários – COOPERFLORESTA
Av. Brasil, 099, 1º Piso – Sala 02 – Centro - Rio Branco/AC – CEP: 69.908-670. Tel/fax: (68) 3222-7252 - E-mail: cooperfloresta@yahoo.com.br
Associação dos Moradores e Produtores do Projeto de Assentamento Agroextrativista Chico Mendes - AMPPAE-CM – Presidente: Maria de Nazaré Vieira Mendes. (Informações na escola do Seringal Cachoeira).
Secretaria de Estado de Turismo e Lazer - SETUL
Av. Chico Mendes, s/nº - (Estádio Arena da Floresta), Bairro Corrente – CEP: 69909-260. Tel/Fax: (68) 3901-3024 / 3901-3027 ou no e-mail: gabinete.setul@ac.gov.br
Centro de Informações Turísticas - CAT
Av. Getúlio Vargas, s/nº (Praça dos Povos da Floresta) Centro (onde tem a estátua do Chico Mendes). Para falar com nossos colaboradores do CAT (se você estiver em Rio Branco): digite o número 3901-3029 ou ligue grátis para o nº 0800-647-3998.
Se você não estiver em Rio Branco e precisa de informações turísticas digite o número da operadora de sua escolha+68+o número  3901-3029 ou ligue grátis para o nº 0800-647-3998 e fale com nossos colaboradores.
Para quem estiver fora do Brasil (e precisar fazer ligação internacional para obter informações turísticas sobre o Acre) digite: 00+55+o número da operadora+68+o número 3901-3029 ou 3901-3027.
O horário de atendimento do CAT de segunda a sábado é das 8h às 18h e aos domingos e feriados no horário das 16h às 20h.

QUEM LEVA O TURISTA
Eme Amazônia Turismo
E-mail: contato@emeamazonia.com.br / cassiano@ emeamazonia.com.br
Website: www.emeamazonia.com.br
Endereço: Travessa da Capitania, nº 40, Mercado Velho, Centro, Rio Branco, Acre, Brasil, CEP 69918-240
Tel: (68) 3222-8838 / (68) 8100-8000
Skype: cassiano-marques
Facebook: facebook/cassianomarques

Discovery Viagens
E-mail: contato@discoveryviagens.com
Website: www.discoveryviagens.com
Endereço: Rua Franco Ribeiro, 109 – Centro (recepção do AFA Hotel) Rio Branco – AC
Tel: (68) 4141-0945 / 9217-6180 / 8115-8323
Skype: victor.adativa
Facebook: Discovery Viagens – Rio Branco-Acre

Morais Tur Viagens, Transporte e Turismo
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Telefone: (68) 3223-6820

Maanaim Amazônia
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MUITO OBRIGADO PELA AUDIÊNCIA!
ATÉ O PRÓXIMO PROGRAMA!


[1] Os empates eram movimentos sociais pacíficos, onde mulheres e crianças seguiam em cortejo para as frentes de desmatamentos, no sentido de sensibilizar os “jagunços dos desmatamentos” para que parassem com a derrubada das matas. Mais informações em MARTINS, Edilson. Chico Mendes: um povo da floresta. Rio de Janeiro: Editora Garamond, 1998.